quinta-feira, 22 de abril de 2010
TODO MUNDO QUER SER PREFEITO UM POUCO. É NORMAL. O PROBLEMA SÃO OS AVATARES
Imagem do filme Avatar, de James Cameron: não vivemos em Pandora
Ao longo de minha vida pública aprendi que é inevitável e até saudável conviver com aquele desejo que qualquer cidadão tem de ser um pouco governante; um pouco prefeito, no caso dos municípios. É natural que o cidadão fique sempre inclinado a dar opiniões, fazer críticas, tecer elogios, concordar ou discordar da administração de sua cidade. Com o advento da era da informação eletrônica, que quebrou barreiras e permite a qualquer um dizer o que bem entender a qualquer hora, o número de "prefeitos" de uma mesma cidade aumentou exponencialmente. Via internet, ou mesmo na imprensa escrita, muita gente - preparada ou não - brinca de prefeito e sentencia, de acordo com seu próprio juízo de valores, "o que é certo e o que é errado para o município". Da mesma forma,inventa pesquisas, condena pessoas e elogia (também tem isso; e como tem) o próprio umbigo. Desncessário dizer que grande parte do que é dito não tem pé nem cabeça. Costumo também analisar o que certos "prefeitos" do imaginário eletrônico já fizeram efetivamente pelo município; qual sua história, qual sua experiência e qual a parcela de sua vida foi dedicada à causa pública. É justamente aí que os "prefeitos avatares" são pegos com as calças nas mãos. Me divirto quando assessores afobados me dizem, logo pela manhã: "Zé Carlos, você viu o que o fulano falou no blog dele ou no artigo publicado no tal jornal?". Eu respondo, sem conseguir segurar o riso: "Não consigo assistir Avatar duas vezes...". Por outro lado, quando textos - favoráveis ou não - são publicados na internet ou jornais por pessoas que reconhecidamente tem preparo e uma história de vida marcada pelo respeito e sensatez, aí sim eu me preocupo. Neste caso, se não li peço imediatamente que me providenciem uma cópia. Os sérios merecem minha reflexão e atenção; contribuem para a formação da minha opinião. Já os avatares... são uma comédia. No caso destes, rir é o melhor remédio. O ridículo é uma praga que infesta a humanidade e não é de hoje. Governo para 40 mil pessoas; entre elas, há algumas centenas de prefeitos virtuais, prontos a dar palpite em tudo que encontram pela frente. Fazer o quê? Continuar trabalhando, do meu jeito, de acordo com meus princípios e com as metas que estabeleci para minha administração. O julgamento dos avatares não me interessa. A sentença já foi dada por eles desde que me elegi. Por interesses que todos conhecem, vão me malhar até o último dia de mandato.Que o façam. O julgamento da população como um todo é o único que vale. E ele tem prazo para acontecer: outubro de 2012. Até lá vou continuar governando do jeito que acho correto, dizendo não sempre que necessário no contexto da responsabilidade de gestão e realizando aquilo que idealizei como importante para elevar a qualidade de vida do cidadão. Não vivemos em Pandora. Sou prefeito de Guaíra.
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