quinta-feira, 15 de abril de 2010

MOINHOS QUE NÃO SÃO IMAGINÁRIOS


Desenho de 1863 mostra Dom Quixote e Sancho Panza em suas andanças pelas terras espanholas: aqui, em nossa cidade, os moinhos não são imaginários

Impecável recente artigo publicado no jornal O Guaíra pelo Dr Cervantes, cirurgião dentista que há vários anos empenha seu talento no trabalho de atendimento na rede pública municipal de odontologia. Dono de um texto enxuto, honesto e de uma sinceridade inquestionável, Cervantes mostrou, sem rodeios, como assuntos públicos que deveriam ser tratados com responsabilidade, com frequência assustadora, são manipulados por quem deveria ter a sensatez de reconhecer o valor histórico do trabalho de homens e mulheres na construção de uma estrutura humana e eficiente na área de saúde. Como mostrou Cervantes sem precisar dizer isso, a soberba parece ser um mal que resiste a abandonar a personalidade de pretensos homens públicos. Aprendi com meus pais a reconhecer o valor do trabalho das pessoas. O que me causa sensação próxima do nojo sãos figuras bizarras que se consideram o último biscoito do pacote; como se o mundo - quanta tolice e pretensão - girasse em torno delas. Este município, onde nasci, casei , criei meus filhos e escolhi para viver toda minha vida, foi construído, em 80 anos, por várias mãos. Guaíra é fruto do trabalho incansável de vários homens e mulheres que, cada qual a seu tempo e no contexto histórico de sua época, dedicaram uma parte de suas vidas à melhoria da qualidade de vida da população. Ninguém, inclusive eu, você leitor ou qualquer outro guairense, tem o direito de desmerecer ou ignorar trabalhos realmente importantes realizados no passado recente ou distante. Tudo o que foi feito para melhorar a vida dos guairenses, independentemente de quem tenha realizado, precisa ser reconhecido e lembrado. É ridículo, triste e desprezível quando uma pessoa que se diz pública, numa arrogância sem precedentes, considera que ela é a própria verdade, como se antes de sua breve passagem pelo poder não houvesse história, não houvesse o trabalho de profissionais dedicados, de famílias que acreditaram no desenvolvimento da cidade e de cidadãos que, em sua simplicidade, fizeram desta terra um lugar fabuloso para se viver. Quando li o artigo do Dr Cervantes , lembrei-me, professor que sou (com muito orgulho) de seu quase homônimo espanhol, o escritor Miguel de Cervantes y Saavedra, autor do clássico imortal "Dom Quixote". Em seu heroísmo puro, Quixote lutava contra inimigos imaginários; entre os quais moinhos de vento. Com a devida licença dos dois Cervantes,o de Guaíra e o da Espanha, gostaria de fazer aqui uma pequena adaptação a este romance de cavalaria. No nosso caso, longe das terras espanholas de La Mancha, Aragão e da Catalunha, por onde passou o bravo herói espanhol, em Guaíra os moinhos não são imaginários. São feitos de inimigos da verdade que precisam ser lembrados, a toda hora, que sua história jamais estará acima do trabalho de todos os guairenses.

2 comentários:

  1. Caro Amigo,
    Agradeço imensamente as palavras de carinho.
    Digo a você que pessoas desprovidas de vaidade e competentes no que fazem dão o tom na administração pública, nada como um dia após o outro para calar os inimigos do bem.
    O alicerce de uma administração, sem dúvida, começa pelo lado humano de cidadãos envolvidos com o bem-estar de sua comunidade, capitaneado por uma pessoa de bem.
    Um fraterno abraço.

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  2. Caro Cervantes, agradeço igualmente a leitura de meu blog e a solidariedade. Um alinhamento de princípios, quero crer, que vai ao encontro do que acha a própria população. Entendo Guaíra como uma obra coletiva, marcada, sobretudo, pela história de dedicação de inúmeras famílias; entre elas, os Garcia. Um abraço fraterno deste seu irmão guairense, José Carlos.

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